sábado, 27 de março de 2010

( V ) CONCÍLIO DE NICEIA

No ano 325 o Imperador Constantino I convocou um Concilio Ecumênico - o primeiro do cristianismo – que se realizou na cidade de Nicéia com o objetivo de “divinizar” Jesus e aproveitar a oportunidade para eliminar as divergências entre católicos ortodoxos e gnósticos.
Neste encontro, que contou com a presencia de 318 bispos em sua maioria da parte oriental do Império Romano, Ario compareceu com o seu “ato de fé”, ou seja, o seu credo. Quando Eusébio, lendo-o, afirmou que a natureza de Jesus não era igual a do Pai, Deus – em síntese a tese ariana – provocou uma acerbada discussão no fim da qual a maioria se posicionou a favor do que veio a ser chamado o credo de Nicéia: “A substancia do Pai gerou o Filho, portanto, o Filho é igual ao Pai”.
O credo de Nicéia, entretanto, não esteve sujeito a nenhuma inspiração sublime, porque foi pura e simplesmente o resultado de uma votação onde os presentes, “de acordo com seus pontos de vista”, para não mencionar que era o que o imperador exigia, tiveram que se posicionar em relação a duas teses:
• A tese ortodoxa: “A substancia do Pai gerou o Filho, portanto o Filho é igual ao Pai”.
• A tese Ariana: a natureza de Jesus não era igual a do Pai, Deus.
Esse referendum consagrou a vitória política que Constantino I almejava, porque a maioria absoluta dos bispos se manifestou a favor da tese ortodoxa. Com esta decisão, Jesus, por ser da mesma substancia do Pai, estava definitivamente divinizado. Conseqüentemente, o ato de fé de Ario foi publicamente rasgado, o arianismo condenado e seus dois expoentes exilados. Não satisfeitos com isso, e para tentar evitar soluções de continuidade, depois do concílio foi emitida uma ordem que circularizou no meio eclesiástico: todos os documentos gnósticos, incluindo os evangelhos apócrifos, deviam ser queimados.
Nem todos obedeceram. Alguns Monges de um Mosteiro sediado nas adjacências do Nilo, reconhecendo a importância destes papiros que datavam do inicio do cristianismo, optaram por não destruí-los: os esconderam em uma urna de argila que foi enterrada em uma gruta na base do penhasco Djebel El-Tarif.

Constantino, no seu caminho de realizações, consegue levar a efeito a nova organização administrativa do Império, começada no governo de Diocleciano, dividindo-o em quatro Prefeituras, que foram as do Oriente, da Iliria, da Itália e das Galias, que, por sua vez, eram divididas em dioceses dirigidas respectivamente por prefeitos e vigários.
Com a influencia do vencedor da ponte de Mílvius, efetua-se o Concilio Ecumênico de Nicéia para combater o cisma de ario, padre de Alexandria, que negara a divindade do Cristo. Os primeiros dogmas católicos saem, com força de lei, desse parlamento eclesiástico de 325.
Findo o reinado de Constantino, aparecem os seus filhos, que lhe não seguem as tradições. Em seguida, Juliano, sobrinho do imperador, eleva-se ao poder tentando restaurar os deuses antigos, em detrimento da doutrina cristã, embora compreendesse a ineficácia do seu tentâmen.
Mas, por volta do ano 381, surge à figura de Teodosio, que declara o cristianismo religião oficial do Estado, decretando, simultaneamente, a extinção dos derradeiros traços do politeísmo romano. É então que todos os povos reconhecem a grande força moral da doutrina do Crucificado, pelo advento da qual milhares de homens haviam dado a própria vida no campo do martírio e do sacrifício, vendo-se o imperador, em 390, ajoelhar-se humildemente aos pés de Ambrosio, bispo de Milão, a penitenciar-se das crueldades com que reprimira a revolta dos tessalonicenses.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
E psicografado por Francisco Candido Xavier

Depois do Concilio de Nicéia os exegetas receberam a incumbência de reformular as escrituras sagradas: a Bíblia. Esta, para citar alguns exemplos, havia sido trabalhada pelo bispo Melito, em 170, quando tentou excluir, substituindo por outros, alguns livros do velho testamento, e por muitos outros pais da igreja, além de Orígenes, que no ano 254 também fizera inclusões e exclusões. O trabalho era estafante, mas estratégico.
Definidos mais uma vez quais os livros que deviam compor o velho testamento, entre os arcaicos textos da tradição hebraica (este é um dos aspectos que diferenciam a postura da igreja católica em relação às evangélicas, porque enquanto a primeira diz que foi a igreja que criou a bíblia, a segunda afirma que foi a bíblia que criou a igreja porque utiliza a versão judaica do velho testamento) um trabalho importantíssimo, porque se destinava a “construir uma ponte” entre as predições dos velhos profetas judaicos e a herança deixada pelo Divino Mestre ao deixar o mundo material. No entanto, para que a obra não ruísse, havia a necessidade de uma argamassa especial. Essa foi preparada utilizando as versões dos Evangelhos atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João


O resultado desse trabalho gerou a ultima versão da bíblia, e esta sancionou definitivamente que Jhwh, o deus de Abraão, era o pai de Jesus. Estes “acertos” de cunho político, foram costurados no inicio do IV século, mas não levaram em consideração que aproximadamente 300 anos antes, Jesus, através de suas atitudes e alocuções, tentou esclarecer que o “deus de Abrão” não era o verdadeiro Deus, não somente desrespeitando as leis impostas pelos sacerdotes hebraicos, mas deixando claro, por meio do segundo mandamento, que o rancor, a vingança e as guerras, mesmo as que se destinavam a tirar dos cananeus as terras que habitavam, deviam ser substituídas pelo “amaras a teu próximo como a ti mesmo,” mesmo se estas eram ditadas por aquele ser que os judeus chamavam seu Deus.
Mateus 22:36-40. Quando os fariseus lhe perguntaram: “Mestre, qual é o maior mandamento da lei?”: respondeu Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo o teu espírito, este é o maior e primeiro mandamento”. E o segundo semelhante a este é: “Amaras teu próximo como a ti mesmo”. Nestes dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas.
As leis judaicas, conforme versículos abaixo, eram discriminatórias e cruéis, e os profetas ”reverenciavam” um deus vingativo e bárbaro que também era chamado o Senhor dos Exércitos, porque levava os soldados de Israel a exterminar os habitantes do território de Canaã afim de lhe tomarem suas terras.
• Deuteronômio 28:15 -30. Mas se não obedeceres à voz do Senhor, teu Deus, se não praticares cuidadosamente todos os seus mandamentos e todas as suas leis que hoje te prescrevo, virão sobre ti e te alcançarão todas estas maldições: serás maldito na cidade e maldito nos campos. Serão malditas tua cesta e tua amassadeira; será maldito o fruto de tuas entranhas, o fruto do teu solo, as crias de tuas vacas e de tuas ovelhas. Serás maldito quando entrares e maldito serás quando saíres.
O Senhor mandará contra ti a maldição, o pânico e a ameaça em todas as tuas empresas, até que sejas destruído e aniquilado sem demora, por causa da perversidade de tuas ações e por me teres abandonado.
O Senhor mandar-te-á a peste, até que ela te tenha apagado da terra em que vais entrar para possuí-la. O Senhor te ferirá de fraqueza, febre e inflamação, febre ardente e secura, carbúnculo e mangra, flagelos que te perseguirão até que pereças.
O céu que está por cima da tua cabeça será de bronze, e o solo será de ferro sob os teus pés.
Em lugar da chuva necessária à tua terra, o Senhor dar-te-á pó e areia, que cairão do céu sobre ti até que pereças.
O Senhor por-te-á em fuga diante dos teus inimigos. Se marchares contra eles por um caminho, por sete caminhos fugirás dele, e serás objeto de horror para todos os reinos da Terra.
Teu cadáver servirá de pasto a todas as aves do céu e a todos os animais da terra, sem que ninguém os expulse.
O Senhor te ferirá da úlcera do Egito, de hemorróidas, de sarna e de dartros incuráveis. Te ferirá de loucura, de cegueira e de embotamento de espírito.
Receberas uma mulher, mas outro a possuirá; construirás uma casa, mas não a habitarás; plantarás uma vinha e não comeras seus frutos.
• Livro de Josué 8:1-8 e 24-27. 1-8: O Senhor disse em seguida a Josué: não temas, nem tenha cuidados. Toma contigo todos os guerreiros e sobe contra Hái. Eis que te entrego o rei de Hái, seu povo, sua cidade e sua terra. Tratarás Hái e seu rei como fizestes com Jericó e seu rei; mas os despojos e os rebanhos reparti-lo-eis entre vos. Poe uma emboscada por detrás da cidade.
Josué pôs se a caminho com todos os guerreiros contra Hái. Escolheu trinta mil homens valentes e fê-los partir durante a noite. Deu-lhes esta ordem:
Atenção! Ponde-vos em emboscada atrás da cidade, mas a pouca distancia, e estais preparados. Eu e todo o povo que está comigo nos aproximaremos de Hái, e quando saírem ao nosso encontro como da primeira vez, nos fugiremos.
Atrai-los-emos em nossa perseguição, longe da cidade, pois dirão: ei-los que fogem diante de nos como da primeira vez. Durante esta retirada, saireis de vossa emboscada e tomareis a cidade, que vos entregará o Senhor, vosso Deus. Depois que a tiverdes tomado, por-lhe-eis fogo segundo a palavra do Senhor. Estas são as minhas ordens.
24-27: Terminado o massacre dos habitantes de Hái, tanto no campo como no deserto, onde tinham vindo em perseguição aos israelitas, depois que todos foram passados ao fio da espada, os vencedores voltaram à cidade e mataram toda a população. O total dos que morreram naquele dia, entre homens e mulheres, foi de doze mil, todos da cidade de Hái. Josué não retirou a mão que ele tinha levantado com a sua lança, até que foram mortos todos os habitantes da Hái. Os israelitas só tomaram os rebanhos e o espolio da cidade, conforme o Senhor tinha ordenado a Josué.
Entretanto, esta conjunção de interesses não passou despercebida, porque como vimos, foram muitas, antes da inquisição, as doutrinas cristãs que não a aceitaram e tentaram desmistifica-la. Como o pai de Jesus poderia ser aquele negociante que ofereceu bens materiais - a terra de Canaã e reis e reinos pósteros - em troca da obediência e da circuncisão dos descendentes de Abrão, se Ele, Filho, foi pessoalmente a antítese desse deus hebraico, porque desde o começo da sua tarefa ensinou a humildade, educou o amor, instruiu o perdão e ensinou a tolerância pregando a fraternidade e a caridade?
De que forma Jesus, repetindo, poderia ser o filho de Jhwh, se este levou por longos anos os hebreus a derramarem o sangue dos cananeus, a trucidá-los, para tomar pela força da espada as terras que eram de sua propriedade?.
• Josué 11: 10-12. Voltando, nessa mesma epoca, Josué tomou Asor e matou á espada seu rei, porque antigamente Asor era a capital de todos esses reinos. Passaram ao fio da espada toda alma viva nessa cidade e votaram-na ao interdito. Nada ficou de tudo o que tinha vida, e incendiou-se Asor. Tomou também Josué todas as cidades desses reis (coligados) e passou-as ao fio da espada, votando-as ao interditado, como Moises, servo do Senhor, tinha ordenado
Enquanto Jesus Cristo, no sermão da montanha dizia:
• Lucas 6: 20-30, dizia. Bem aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem aventurados vos que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis! Bem aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do homem! Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas. Mas ai de vos, ricos, porque tendes a vossa consolação!Ai de vos, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vos, que agora rides, porquê gemereis e chorareis! Ai de vos, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais aos falsos profetas! Digo-vos que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoais os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica. Da a todo o que te pedir; e ao que te tomar não reclames.
A obra de Jesus, alem disso, não se limitou a palavras, mas a atitudes, e estas, jamais em seu beneficio, mas destinadas a aliviar o sofrimento dos enfermos, dos pobres, e daqueles que eram desprezados e humilhados pelas hierarquias socio-político-religiosas. Deixando-se por fim conduzir à cruz, sem esboçar em momento algum qualquer defesa ou resistência, com o fito de ensinar ao mundo que a morte não é o fim, mas só uma etapa da vida, e que o verdadeiro reino não é na terra.
No entanto, mesmo com a vitória dos ortodoxos no Concilio de Nicéia, e conseqüente exílio de Eusébio e Ario, os arianos continuaram ativos, e logo depois conseguiram persuadir o Imperador a chamar Eusébio de volta e lhe oferecer o posto de Bispo de Constantinopla. Ario, que depois de Eusébio também foi convidado a voltar, em um colóquio particular conseguiu convencer Constantino a respeito da sua ortodoxia, contribuindo, desta forma, para o fortalecimento de Eusébio. Mas veio a falecer algum ano depois. Todavia, colaborara para o momento de maior gloria de Eusébio, porque este, em 337, foi chamado pelo Imperador Constantino, já no leito de morte, para batizá-lo ariano.
Eusébio, agora desfrutando uma influente posição, vingando-se, conseguiu condenar ao exílio seu mortal inimigo, Atanásio, o bispo de Alexandria, talvez o único defensor do “homoúsios”, ou seja: A substancia do Pai gerou o Filho, portanto o Filho é igual ao Pai, como havia sido decidido em Nicéia.
No ano 340 o Papa Julio I – 337 a 352 - convocou um Concilio em Roma, do qual participaram 50 bispos, que reabilitou Atanásio por considerá-lo injustamente caluniado. Os bispos arianos, entretanto, que se recusaram a participar deste Concilio, organizaram outro em Antioquia, em 341, e, sob a coordenação de Eusébio, tentaram, sem muito sucesso, uma formula de compromisso que definisse a coexistência eterna do Cristo e do Pai, sem entrar no mérito do ponto de discórdia entre as partes: se possuíam ou não a mesma essência divina e a mesma vontade. No mesmo ano, logo depois desse Concilio, Eusébio também veio a falecer. A doutrina ortodoxa ensinada pelo cristianismo nos tempos de Ario pregava que o Deus Pai e o Deus Filho eram duas pessoas distintas, porém com uma única essência, enquanto que a principal preocupação de Ario era a de afirmar que era impossível a coexistência de dois Deuses sem escorregar no ”modalismo”, a doutrina que afirmava que as três pessoas da Trindade nada mais eram do que “modos de ser”, ou “modos de agir”, do Deus único, enquanto que o fulcro do arianismo era negar que o Filho e o Pai tivessem a mesma substancia.


Segundo ele, o Pai era eterno, a fonte, a razão primeira, enquanto o Filho, mesmo sendo o primogênito entre todas as criaturas, não lhe era similar, e, portanto, inferior ao Pai em natureza e dignidade, porque, mesmo se tinha sido gerado e criado pelo Pai, antes de todos os tempos, antes dele ser gerado, “houve um tempo em que o filho não existia”, como afirmava uma frase muita citada por Ario. Esta, como lentamente veremos desabrochar ao longo deste livro, é a grande e eterna verdade.
Este momento histórico do cristianismo ariano foi descrito por Girolamo - depois santificado - através de uma frase que ficou celebre: “o mundo, gemendo, surpreendeu-se ao se encontrar ariano”.
Depois da morte de Eusébio, o Imperador Constancio II - 337-361 - filho de Constantino, convocou vários sínodos, realizados ente os anos 357 a 359 em Sirmio, na Iugoslávia, com a finalidade de tentar mais uma vez por um fim às intermináveis disputas teológicas a respeito da natureza do Cristo. Entretanto, o tiro saiu pela culatra: as dissidências que eram duas, aumentaram para quatro:
1 Anomóios: Só o Pai era Deus, o Filho não lhe era similar (Doutrina de Aezio de Celesiria, Eunomio de Cisico e Ursocio de Nicomedia).
2 Homoúsios: Pai e Filho Idênticos na substancia (O credo de Nicéia defendido por Atanásio de Alexandria).
3 Homoioúsios: Pai e Filho similares na substancia (A crença de Basílio de Ancyra).
4 Hómoios: Filho similar a Deus. (A proposta de Acácio de Cesárea. Uma definição vaga porque fala de uma genérica similitude entre Pai e Filho sem entrar no mérito da relação no plano da substancia).
No inicio do ano de 357 os aezianos - Aezio de Celesiria - tiveram a melhor e vários discípulos de Aezio ocuparam posições de relevo. A reação da opinião publica, porém, foi tamanha que um ano depois o Imperador Constancio decidiu aderir à doutrina “homoioúsios” de Basílio de Ancyra e exilar Aezio de Celesiria e seus seguidores. Mas, depois do III sínodo de Sermio, no ano 359, Constancio mudou novamente de opinião e passou a preferir a versão de Acácio “Hómoios” e por isso convocou oficialmente os bispos ocidentais na cidade de Rimini e os orientais em Selucia para ratificar a formula acaciana.
Depois da morte de Constancio, acontecida em 361, a situação se alterou novamente quando Juliano o apostata assumiu o poder - 361-363. Proclamou uma anistia geral para todos os cristãos e desse modo abriu a porta para que Aezio retornasse a Antioquia. Este, depois de recuperar uma certa popularidade, faleceu em 367.
Poucos anos depois a corrente radical de Aezio viria a desaparecer a partir do esforço dos niceianos que, apoiados inicialmente pelo imperador Valentino I - 364-395, e depois por Teodosio - 379-395, restabeleceram a tese de Atanásio de Alexandria: A substancia do Pai gerou o Filho, portanto o Filho é igual ao Pai.
Havia outras discordâncias no seio do cristianismo, e cada uma dela resultava do desejo de querer acertar, com mais proximidades dos demais (este ajuizamento estava amarrado à cartilha de cada um), quais eram as expectativas de Deus em relação ao homem, depois do retorno do Filho ao Reino do céu.
O macedonianismo, ou pneumatomachia, fruto do pensamento de Macedônio de Constantinopla, estava inserido nesta conjunção. Macedônio era um Presbítero de fé ariana que fora elevado a bispo de Constantinopla pelo imperador Constancio, quando este ali esteve para restabelecer a ordem, depois que o comandante da guarnição real, ali sediada, fora morto durante os tumultos provocados pela facção ortodoxa daquela cidade quando, depois da morte do bispo Eusébio de Nicomedia, tentou substituí-lo com um candidato próprio. A partir daquele momento, Macedônio, agora bispo, imediatamente se posicionou a favor da tese “homoioúsios” de Basílio de Ancyra, defendendo-a como uma formula de compromisso entre os ortodoxos que legislavam “homoúsios”, e os arianos radicais que defendiam “anomóios”. Macedônio defendia a tese (alguns autores acreditam que ele mesmo a havia desenvolvido), que o espírito santo era uma criatura de Deus superior aos anjos mas abaixo do Pai e do Filho. Essa idéia foi combatida por Atanásio através de quatro cartas enviadas ao bispo Serapione de Thmuius e no sínodo de Alexandria de 362.
Com a morte de Atanásio em 373, a luta contra os pneumatomachos liderados por Eleusio de Cizico foi continuada por Didimo o cego, e por Basílio o Grande, que procuraram, sem sucesso, converter o macedoniano Eustácio, Bispo de Sebaste.
A condenação da pneumatomachia foi finalmente viabilizada no Concilio de Constantinopla em 381, mesmo assim, a tentativa de restabelecer a submissão do espírito santo ao Pai e ao Filho continuou por muito tempo. Consta que ainda no XI século, no II Concílio Lateranense realizado em 1139, este ponto de vista teve que ser novamente combatido para que triunfasse a idéia da Trindade.
Neste mesmo ano surgiu um novo conflito no seio da igreja cristã universal, e este explodiu no momento em que o Patriarca de Constantinopla passou a ser considerado o segundo na hierarquia religiosa, ou melhor, o primeiro depois de Roma, mesmo se o efetivo reconhecimento foi muito mais lento, porque até o fim do V século continuavam sendo reconhecidos oficialmente só os Concílios Ecumênicos até então realizados no Oriente e no Ocidente, ou seja, o de Nicéia, de Efeso e de Calcedônia, enquanto o que havia sido realizado em 381 só foi reconhecido depois que a igreja de Roma e a de Constantinopla acertaram seus desentendimentos.
A historia, no entanto, prova que as duas partes jamais se entenderam, porque em 1504 a igreja de Roma excomungou as igrejas do oriente e do ocidente.

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